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Arq.Arte

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Ao longo das décadas, a relação das cidades com as árvores vem mudando drasticamente, mitigando cada vez mais a presença do verde nos grandes centros urbanos. No entanto, muito tem-se provado que a inserção da vegetação na metrópole é a resposta para diversos problemas como enchentes, poluição do ar, conforto ambiental etc.

Tomando o último exemplo como foco, o uso correto das árvores é capaz de alterar muito beneficamente o conforto ambiental de um espaço. Pode-se sombrear o passeio público, melhorar a qualidade do ar, aumentar a sensação de segurança e bem estar dos pedestres e até mesmo diminuir a temperatura interna de uma edificação.

Ilustração comparando as diferenças de temperatura em superfícies distintas, quando expostas ao sol e quando sombreadas.
Fonte: Árvore, ser tecnológico, 2019.

Apesar de todos esses aspectos positivos, não se pode dizer que uma árvore tem o “poder” de atenuação sonora, sendo esse o principal mito que devemos derrubar aqui. As árvores tem a característica de refletir o som e não de absorve-los. É importante entender essa diferença, pois um som absorvido se finda, total ou parcialmente, no material ao qual entrou em contato, enquanto um som refletido apenas muda a sua rota.

Fonte: Associação Brasileira para a Qualidade Acústica, 2017.

Na prática, isso significa que o uso aleatório de árvores no projeto arquitetônico e paisagístico pode, além de não barrar ruídos, aumentar o nível sonoro recebido nos andares superiores, tendo sido refletido pela folhagem da copa arbórea. Já no pavimento térreo, o ruído não é obstruído pelo tronco das árvores, pois este não faz uma barreira larga o suficiente para bloquear qualquer som.

Silvio Bistafa (2018) aponta que, para o uso de árvores ser efetivo na contenção de ruídos, seria preciso um cinturão verde com no mínimo 15m de largura e 30m de comprimento. Isso representa uma área mínima de 450m² para uma atenuação efetiva do som. A explicação para isso é bem simples. Ao penetrar no cinturão verde, o som refletiria diversas vezes dentro dele, até que, sem encontrar uma saída, perdesse intensidade e se dissipasse.

Ainda assim, existem apontamentos indicando que a presença de árvores, principalmente se bloqueando a visão do usuário da fonte sonora, podem mascarar o ruído. Segundo Souza, Almeida e Bragança (2006), esse é um aspecto subjetivo, pois não há comprovação numérica calculada dessa eficiência. No entanto, a somatória do som do farfalhar das folhas das árvores, com o canto dos pássaros que nelas habitam e com a não visualização da fonte sonora, pode cria uma sensação de conforto do usuário, que está mais relacionada a aspectos psicológicos do que factíveis.

Fonte: Souza, Almeida e Bragança, 2006.

 

Vale ressaltar que um ruído sonoro muito intenso pode danificar, significativamente, a audição de uma pessoa, principalmente se este lhe for exposto por períodos prolongados de tempo. Sendo assim, mascarar o som incômodo, pode parecer satisfatório a priori, mas não é a solução do problema.

Sendo assim, cabe aos arquitetos entender que o paisagismo do projeto, apesar de por vezes gerar sombreamentos benéficos e ambientes agradáveis, dificilmente apresentará uma atenuação sonora efetiva. É hora de reformularmos os discursos sobre conforto ambiental e eficiência energética, abandonando velhas crenças e hábitos, para que possamos projetar uma arquitetura condizente às questões do século XXI.

Referências

ÁRVORE, SER TECNOLÓGICO. A árvore refresca o chão, 2019. Disponível em: <https://arvoresertecnologico.tumblr.com/post/189521045727/quem-gosta-da-sombra-de-%C3%A1rvores-levanta-a-m%C3%A3o>. Acesso em: 23 de abril de 2020.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA A QUALIDADE ACÚSTICA. Manual ProAcústica para classe de ruído das edificações, 2017. Disponível em: <www.proacustica.org.br>. Acesso em: 19 de março de 2020.

BISTAFA, Sylvio R. Acústica aplicada ao controle do ruído. 3.ed. São Paulo: Blucher, 2018. 436 p. ISBN 978-85-212-1283-6.

SOUZA, Léa C. L. de; ALMEIDA, Manuela G. de; BRAÇANÇA, Luíz. Bê-á da Acústica Arquitetônica: Ouvindo a Arquitetura. 1.ed. São Carlos: Edufscar, 2006. 149 p. ISBN 978-85-7600-073-0.

Gustavo F. Diegues é arquiteto e urbanista graduado pelo Centro Universitário FIAM FAAM (São Paulo, 2017) e mestrando em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo – USP (2020 – 2022). Desenvolve pesquisa sobre “o desempenho ambiental das tipologias habitacionais em favelas e suas inter-relações com o ambiente externo”; pelo Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética (LABAUT) da FAU USP. Atua pela ONG TETO desenvolvendo trabalho de mapeamento de comunidades carentes desde 2018, tendo assumido como Coordenador de Mapeamento em 2019.

E-mail: arq.gdiegues@gmail.com

Instagram pessoal: https://www.instagram.com/guuhfd/

Instagram profissional: https://www.instagram.com/2apoios/

       A Arquitetura Bioclimática preocupa-se com a adequação da construção ao clima, visando o conforto térmico, acústico e visual do usuário. Ela trata o envelope da construção como uma membrana reguladora (permeável e controlada) entre o ambiente externo e interno. Essa “membrana” é utilizada para conseguir um ambiente interno confortável e para isso o arquiteto deve ser hábil na utilização dos recursos de projeto e escolha conveniente dos materiais, levando em consideração as variáveis climáticas externas (CORBELLA, 2017).

Fonte: Lana Leão e Marília G. Rodrigues

       Assim, o uso de estratégias bioclimáticas surge como um instrumento fundamental na concepção de um bom projeto arquitetônico, prevendo, desse modo, o uso inteligente dos recursos naturais e proporcionando desenvolvimento sustentável, pois a preocupação concentra-se no processo de projeto, na escolha dos materiais adequados e na criação de novos, os quais possam proporcionar melhorias ao edifício projetado. A especificação criteriosa de materiais garante, sem sombra de dúvida, boas condições de climatização e um satisfatório desempenho térmico.

       A avaliação do desempenho térmico de edificações é um campo de grande importância para os profissionais de arquitetura e engenharia, pois por meio da aplicação desta é possível desenvolver estratégias destinadas a minimizar o ganho de calor, proporcionar conforto térmico aos usuários e aprimorar o desempenho da edificação.

      Os meios como o ambiente construído concretiza trocas térmicas com o entorno são: radiação, condução, convecção, evaporação e condensação. As trocas ocorrem devido à diferença de temperatura entre os corpos, variando o meio em que se propaga e o estado de agregação no qual se encontram os elementos. Os corpos trocam calor quando apresentam temperaturas desiguais, significando que a transmissão ocorre sempre do mais quente para o mais frio. Por sua vez, as características climáticas que afetam o conforto humano são: temperatura do ar, radiação solar, movimento do ar e umidade.

Fonte: Marília G. Rodrigues

     Nesse sentido, a edificação torna-se o meio fundamental para garantir o equilíbrio entre exterior e interior e propiciar a sensação de satisfação e bem-estar ao ser humano. Para alcançar dito equilíbrio é necessário conhecer as necessidades humanas, identificar as condições do entorno e entender o comportamento dos materiais, bem como reunir características que atendam aos requisitos de desempenho térmico através de normativas específicas como a NBR 15220-1, NBR 15220-2, NBR 15220-3 e a norma de Desempenho de edificações habitacionais – NBR 15575. Para se obter uma construção climaticamente equilibrada as variáveis deverão ser estudadas em conjunto de tal modo que se pondere seu desempenho na edificação. As características mais influentes em um projeto arquitetônico no Brasil são determinadas pela NBR 15220-3 e examinadas pelo RTQ-C que, por consequência, também estão baseadas na classificação climática e no zoneamento bioclimático do país.

     No ponto de vista de Kowaltowski e Labaki (1993), o projeto arquitetônico, ainda em sua fase de concepção, define o desempenho de um edifício em termos de conforto para seus usuários. Elementos como a forma, o volume, a orientação, a distribuição dos espaços, parâmetros de dimensionamento e localização de aberturas, aliados ao entorno natural, determinam em grande medida o desempenho térmico de edifícios sem equipamento de condicionamento mecanizado. Já na fase de definição do projeto arquitetônico, o refinamento dos detalhes, a escolha dos materiais de construção e a implantação de equipamentos específicos são usados para assegurar um nível desejado de conforto luminoso, acústico e térmico. Consideramos importante reiterar que para que estas soluções possam acontecer o processo de projeto é importante.

     Existem ferramentas para estimar a relação entre os fatores ambientais e as edificações e ajudar nas decisões projetuais. Algumas delas são: as cartas solares, representações gráficas do percurso do sol na abóbada celeste da terra nos diferentes períodos do dia e do ano (BITTENCOURT, 2000); o Método de Mahoney, que consiste na organização dos dados climáticos de uma determinada localidade por meio de tabelas que geram recomendações de projeto para auxílio na concepção projetual de edificações não climatizadas; a NBR 15220, carta bioclimática e os programas computacionais para leituras de dados.

     Outra norma indicada para edificações habitacionais é a NBR 15.575 que apresenta critérios e requisitos para verificação dos níveis mínimos de desempenho. Nesta normas consta uma metodologia normativa para classificar as habitações e critérios para verificação dos níveis de desempenho térmico para edificações de acordo com a zona bioclimática em que estão inseridas. A mesma, apresenta duas maneiras de obter a classificação: por simulação ou medição.

      A carta bioclimática citada acima, pode ser gerada automaticamente através do software livre Analysis Bio 2.0, da Universidade Federal de Santa Catarina. Este auxilia no processo de adequação de edificações ao clima local. Utiliza tanto arquivos climáticos anuais e horários como arquivos resumidos na forma de normais climatológica.

       Para consultar o zoneamento blioclimático Brasileiro, que consta na NBR 15220, existe um programa gratuito disponível que facilita a consulta gerando a leitura dos dados, O ZBBR, este possui a classificação bioclimática das sedes dos municípios brasileiros e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social, conforme a ABNT NBR 15220-3 de 29 de abril de 2005.

Arq. Marília G. Rodrigues

Este texto faz parte de um artigo desenvolvido para II Seminário de Planejamento, Paisagem urbana e Sustentabilidade, desenvolvido por mim, Marília G. Rodrigues e pelo meu Orientador do mestrado Janes Cleiton. Quem quiser visualizar ele completo, segue o link:

 https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/688/o/ANAIS_SEPPAS_2019_vf_09_03_2020.pdf 

 O título do artigo é:  ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS PARA O PROJETO ARQUITETÔNICO. ANÁLISE DO EDIFÍCIO DA FACULDADE DE ARTES VISUAIS, A PARTIR DO CLIMA DE GOIÂNIA. Está na página 799. DOI: 10.29327/114056.2-49. Aqui é  só um pouquinho dele, para que vocês possam começar a conhecer mais sobre a Arquitetura bioclimática.

Segundo o artista: “A fotografia, o desenho, a tela, ou qualquer outra modalidade de imagem possui uma linguagem universalmente mais acessível, e concede maior liberdade de criação e interpretação.

O artista visual goianiense Alex Mateus, abre a exposição Escravo da Sensação: O si,  com coquetel no dia 06 de julho, sábado, às 20 horas, na Coolab, Setor Sul em Goiânia. As obras estarão à disposição do público até setembro de 2019. A entrada no evento é gratuita, e nos dias que se seguem o espaço possui horário de funcionamento de quarta-feira a domingo, das 17 horas à 01 hora da manhã.

Haverá ainda intervenção poética com a atriz Ludmyla Marques, ao qual trará para o evento interações cênicas que dialogarão com as obras, proporcionando ao público além da experiência visual, um maior aprofundamento no universo da Exposição Escravo da Sensação: O si. Ludmyla Marques é atriz e mestre em Artes Cênicas pela UFG, participa ativamente dos grupos Teatro Destinatário, Teatro Que Roda e Quintal das Artes Femininas. É idealizadora do projeto Domingo é Dia de Poesia Goiana, onde realiza vídeos-performances nas redes sociais, dando destaque à cultura local, atuando ainda como contadora de histórias e arte-educadora.

A atriz Ludmyla Marques participará da exposição com atos performáticos, instigando o público a intensificar sua relação com as obras em tela. Cenas e diálogos atravessam seus atos e olhares.

A exposição se constrói com a parceria COOLab e Evoé Café. Este último trata-se de um espaço receptivo de livraria, leitura, arte e bar proporcionando bem estar e socialização aos amantes das artes nas noites goianas. Fortalecendo estas ações, a COOLab Loja Colaborativa, tendo sob sua responsabilidade Ale Soares e Meire Vaz, soma energias com a proposta #COMPREDEQUEMFAZ, movimento que incentiva o consumo sustentável e local, promovendo a economia criativa da região através do apoio à produção autoral.

 

Alex Mateus exporá 15 telas que mesclam técnicas diversas, como pintura a óleo e acrílica, e lápis de cor, entre outros. Os temas abordados trazem apontamentos em torno dos elementos da natureza, com predominância da água e do sol – o fogo, em diálogo com uma representação humana, majoritariamente masculina. O artista trabalha com uma temperatura quente de cores, e traz personagens em situações em que elementos do mundo real se mesclam com outros que se comportam apenas simbolicamente. Apesar de ser apontado como surrealista, o artista afirma não seguir nenhuma corrente artística conscientemente.

le monde intérieur
Óleo sobre tela
60×40 – 2018

O conceito

Alex Mateus exporá 15 telas que mesclam técnicas diversas, como pintura a óleo, acrílica e lápis de cor. O artista trabalha com uma temperatura quente de cores, e traz personagens em situações em que elementos do mundo real se mesclam com outros que se comportam apenas simbolicamente. A exposição é um relato, por vezes biográfico, de sensibilidade e reflexão, utilizando-se de elementos da natureza (céu, nuvens, flores), com predominância da água e do sol – o fogo, em diálogo com uma representação humana expressiva, majoritariamente masculina. Estas duas instâncias, natureza e corpo, procuram conectar-se com um discurso visual diante as noções de o “dentro” e o “fora”, levando ao questionamento: “O personagem quer sair ou entrar?”. “Estamos dentro da cabeça dele ou fora no mundo real?”. De alguma maneira, o que permeia no personagem central é a possibilidade… Ou a possibilidade da impossibilidade. A afetividade também se expressa à procura pela conexão com o sublime inconsciente desconhecido, também interpretado pelo etéreo. Pintores como Tarsila do Amaral, Vicente do Rego, Frida Kahlo e Henri Rousseau possuem a admiração do artista, que afirma não seguir nenhuma corrente artística conscientemente.

Sobre o artista

Alex Mateus é Artista Visual, Jornalista, Fotógrafo e professor universitário há oito anos. Desde 2014, quando formou-se no mestrado em Arte e Cultura Visual (Faculdade de Artes Visuais – UFG), vem amadurecendo reflexões em torno da arte e suas possibilidades expressivas. Possui atuação multidisciplinar.

 

“É bem interessante o exercício de transpor sensações. Como materializar uma sensação? É como estar entre o ‘limite’ do real e o imaginário inconsciente. Então, no meu processo criativo acredito que procuro exercitar estas tentativas de expressão visual, procurando uma linha em comum entre todos nós diante o desejo humano” – Quem é ele, quem sou eu? Óleo sobre tela 70×70 – 2018

Segundo o artista: “A fotografia, o desenho, a tela, ou qualquer outra modalidade de imagem possui uma linguagem universalmente mais acessível, e concede maior liberdade de criação e interpretação. É bem interessante o exercício de transpor sensações. Como materializar uma sensação? É como estar entre o ‘limite’ do real e o imaginário inconsciente. Então, no meu processo criativo acredito que procuro exercitar estas tentativas de expressão visual, procurando uma linha em comum entre todos nós diante o desejo humano”, afirma Alex Mateus.

Exposição em telas: Escravo da sensação: O si
Artista: Alex Mateus
Entrada gratuita
Coquetel: 06 jul. sábado – 20 h
COOLab Loja Colaborativa – @gocoolab
Alessandra – 62 9 8203 4494
Evoé Café
Rua 91, 489, Setor Sul, Goiânia, Goiás
62 3092-3733 – @evoelivros

Arq.Arte

 

Nos dias 28,29 e 30 de junho irá acontecer um workshop sobre detalhamento de cozinhas, em parceria com o Instituto Leo Romano, Florense e Profissionais renomados da área.  Conheça um pouquinhos dos palestrantes:

Com um time deste não tem como ficar de fora, e a programação para estes dias, esta incrível….

Confira o Cronograma abaixo:

E tem mais…. acessem o perfil @jayropyres , que esta rolando um sorteio. Todas as regras estão bem explicadinhas lá.

Seguem as dicas aqui, mas para concorrem tem que entrar no perfil jayropyres  (No Insta do Jay tem um video no IGTV que explica tudo bem certinho.)

Para participar do sorteio é simples , siga os perfis abaixo e marque dois amigos (exceto marcas e empresas)

Você  pode participar quantas vezes quiser…
SORTEIO DIA 20-06 período da tarde

-perfis para seguir-

@institutoleoromano
@jayropyres
@gabrieldelane
@mariromanoarquitetura
@rodrigoferreira.arq

 

Equipe Arq.Arte

contato@arqpontoarte.com.br

Segregação Social Geograficamente Escancarada, que remete a toda desigualdade social/residencial presente escancaradamente no Brasil, é o que abordo em minha arte. Sobrevivente deste meio,  por crescer residindo em periferia, e permanecer muitos anos na mesma, possuo muita história para contar, e acabei encontrando a arte como forma de expressão. 

 Em minha produção,  deixo nítido a precariedade das moradias, evidenciando elementos que contribuem para o entendimento do fator “risco” que os residentes desses locais passam todos os dias, muitas vezes a vida inteira. A solidão é fortemente presente em grande parte das minhas criações, realmente é assim que a população carente vive, é caminhar com a morte 24 horas por dia. Portanto, busco trabalhar a percepção das pessoas, pois geralmente utilizo uma cor de fundo, e outra pro desenho em si(apenas duas cores), consequentemente acredito que esse processo muitas vezes obrigue mais as pessoas a pararem e olharem de fato o que se trata, pois com o avanço tecnológico, muitas coisas ficaram rápidas, práticas e por consequência, muitas vezes não despertam uma real interpretação, sim, é lamentável. Mesmo eu me referindo ao Brasil, muitas vezes crio situações que não condizem diretamente com fenômenos naturais aqui presentes, porém o intuito é estimular a raciocínio, e abrir os olhos de quem observa. Ex: Casas muito próximas de um vulcão – representa uma área de risco, algo que a qualquer momento pode deixar de existir, e ser apenas mais uma favela extinta, sem grandes comoções do governo. Ou até mesmo uma favela isolada em uma ilha – representa a solidão, a ausência de recursos básicos, e também a proximidade com a morte. 

São diversos trabalhos, sem utilização de régua, se referindo a falta de projetos arquitetônicos pra população carente, portanto, é natural observar traços circulares e a falta de perspectiva, tudo propositalmente, pois na vida real, muitas vezes os projetos são improvisados, utilizam o que tem, o que é mais prático, ou mais barato na criação de uma casa, não existe uma real possibilidade de escolha pra construir uma casa resistente, sofisticada, digna.

É nítido que grande parte da população vive em condições precárias, porém não vejo um real avanço quando o assunto é fazer algo em prol dos mesmos, a pobreza é escancarada, é geográfica, é evidentemente na frente dos nossos olhos, e realmente fingir que está tudo bem não vai contribuir, empatia é mais que fundamental no momento.

A minha arte é um grito por essas pessoas, é uma contribuição para que elas deixem de ser esquecidas, elas existem e precisam urgentemente de ajuda, precisam do básico, nem o mínimo elas possuem. O governo exclui o povo pobre com as suas políticas sociais, a minha indignação referente à isso, está contida/presente nas minhas criações.

Rodrigo Trompaz

facebook.com/rtrompaz

rodrigotrompaz@gmail.com

www.behance.net/rtrompaz

Março,  mês que é celebrado o dia internacionalmente da mulher, para que esta seja parabenizada, elogiada, presenteada e “valorizada”. Isso, claro, se tiver um pouco de sorte, pois muitas sofrem violência antes, no dia e depois. O Brasil é considerado o 5º país do mundo com a maior taxa de feminicídio. Uma mulher é morta a cada duas horas e segundo dados do IPEA, ocorrem cerca de 822 a 1.370 estupros por dia no país.

Imagem: @midianinja

São dados extremamente assustadores e dolorosos, pois saber que uma mulher morre pelo simples fato de ser mulher, dói. Saber que uma mulher é estuprada por conta da sua roupa, dói. Saber que uma mulher é assediada em casa, no trabalho, na escola, na rua, dói. Saber que uma mulher apanha do parceiro que escolheu ter em sua vida, dói. Ter medo de viver dói bastante. E é por esses e outros motivos que o movimento feminista existe e resiste todos os dias. É pelas mulheres. É por todas as vidas machucadas/destruídas pelo machismo, pelo racismo, pela homofobia, pela nossa sociedade que é tão má, e julgadora.

Mas o que é Feminismo, e por que as pessoas tem tanto medo dele?

Para muitos o feminismo é “o gênero feminino ser superior ao gênero masculino”; “mulheres querendo carregar cimento”; “mulheres querendo não depilar”; “mulheres querendo mostrar os seios pelas ruas”; “mulheres querendo e ponto”. De fato não estão errados quando dizem que “queremos”. O verbo querer é um dos maiores objetivos dentro do feminismo. Queremos mesmo o poder de escolha e é disso talvez que venha o medo dessas pessoas. A partir do momento em que uma mulher quer, em que uma mulher escolhe, ela se torna independente e para muitos não ter alguém dependente é um ato terrível.

Mas saibam, o Feminismo é um movimento político que extraordinariamente engloba diversas lutas e deseja acima de qualquer coisa que a mulher tenha respeito e como eu disse, poder de escolha. Dentro do movimento podemos encontrar diversas vertentes, algumas delas são o Feminismo Liberal que veio da 1ª onda e é onde as mulheres querem trazer condições parecidas com as dos homens, como igualdade no casamento, na educação e perante a lei; o Feminismo Radical que veio da 2ª onda e é onde as mulheres buscam compreender qual é a origem da opressão que se dá às mulheres para que elas possam se construir como sujeito ao lados dos homens e não ser iguais a eles (o que é ser mulher? O que constitui a essência feminina?) e o Feminismo Interseccional que veio da 3ª onda e é onde que se percebe que nem todas sofrem só das ou as mesmas violências, por isso dentro do interseccional entra outras vertentes como o Feminismo Negro, o Lésbico e o Transfeminismo.

As vertentes não são uma maneira de segregar o Feminismo e muito menos as mulheres, mas sim uma forma para que as mulheres consigam entender o movimento e possam construir um diálogo. O ponto de partida do feminismo, é a igualdade de gênero no meio político, social e econômico. Porém, devemos sempre lembrar e compreender que as mulheres podem ser oprimidas de várias formas e é por isso que existem diversas vertentes e lutas, tais como contra o machismo, o racismo, a homofobia, a transfobia, a violência contra a mulher, contra a rivalidade feminina, contra os estereótipos de beleza, contra a criminalização do aborto etc.

Arte: @suavecamp

Feminismo e Arte

A relação entre arte e feminismo foi encontrada através das indagações da arte contemporânea sobre questões tais como gênero, identidade, sexualidade etc. Não existe um movimento artístico que seja propriamente feminista, mas pode-se dizer que existe um estética feminista dentro da arte.

Muitas artistas que se consideram feministas atuam politicamente em seus trabalhos, protestando contra a desigualdade, o patriarcado, a misoginia, a violência, o racismo etc. Uma dessas artistas é a Adrian Piper que em 1986 fez vários cartões de visita e um deles tinha como intenção desarmar casos de agressão sexual.  O cartão dizia: “Caro amigo, não estou aqui para pegar alguém ou ser pega. Estou aqui sozinha porque quero estar aqui, sozinha”.

“My Calling (Card) #3” (Reactive Guerrilla Performance for Disputed Territorial Skirmishes).

A conquista pelo espaço dentro da arte sempre foi uma busca constante para as artistas femininas. Você já parou para pensar que os nomes mais famosos que temos dentro da arte são masculinos? Claro que temos grandes nomes como Frida Kahlo, Artemisia Gentileschi, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti entre outras. Porém a quantidade de nomes famosos de pintores homens é esmagadora.

Em 1985 um grupo chamado Guerrilla Girls se formou para combater exatamente isso, o machismo e o sexismo dentro do mundo artístico. Em 1989, elas compararam o número de artistas mulheres na sessão de arte moderna do Metropolitan com a quantidade de nus masculinos e femininos (isso também é um grande problema, pois o corpo da mulher na arte é sempre pintado por um olhar masculino), e o resultado foi este:

“As mulheres precisam estar nuas para entrarem no Metropolitan Museum? Menos de 5% das artistas na sessão de arte moderna são mulheres, mas 85% da nudez nas obras é feminina”

Desde 1985 até hoje, o grupo, formado por artistas feministas, tenta mostrar às pessoas as desigualdades de gênero e de raça que ocorre no universo da arte. É um grupo que possui trabalhos excepcionais e extremamente importantes para o movimento feminista já que suas denúncias acabam ultrapassando esse universo e demonstram o que mais queremos: respeito, poder de escolha e espaço em todos os meios da nossa sociedade.

Algumas Dicas de Filmes e Séries com Mulheres Fortes:

  • As Sufragistas
  • O Sorriso de Monalisa
  • Frida
  • Histórias Cruzadas
  • Estrelas Além do Tempo
  • Grandes Olhos
  • Eu Não Sou Um Homem Fácil
  • Mulheres Divinas
  • Orange is The New Black
  • The Handmaid’s Tale

 

Por Julliany Oliveira

 

 

Referências Bibliográficas

MORAES, Naymme. Arte e Feminismo: para além do gênero, uma arte política. Disponível em: <https://blog.mettzer.com/referencia-de-sites-e-artigos-online/> Acesso em: 06 de março de 2019.

REDAÇÃO HYPENESS. Guerrilla Girls: há 30 anos lutando pela igualdade de gênero no universo das artes. Disponível em: <https://www.hypeness.com.br/2017/07/lutando-pela-igualdade-de-genero-no-universo-das-artes-ha-mais-de-30-anos-conheca-as-guerrilla-girls/> Acesso em: 07 de março de 2019.

Cai o nº de mulheres vítimas de homicídio, mas registros de feminicídio crescem no Brasil. G1. Disponível em: <https://g1.globo.com/monitor-da-violencia/noticia/2019/03/08/cai-o-no-de-mulheres-vitimas-de-homicidio-mas-registros-de-feminicidio-crescem-no-brasil.ghtml> Acesso em: 08 de março de 2019.

CUNHA, Carolina. Feminicídio – Brasil é o 5º país em morte violentas de mulheres no mundo. Disponível em: < https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/feminicidio-brasil-e-o-5-pais-em-morte-violentas-de-mulheres-no-mundo.htm> Acesso: 08 de março de 2019.

 Nós preparamos para vocês 5 excelentes dicas de aplicativos que irão facilitar o dia a dia dos profissionais. Hoje os smartphones e tabletes já fazem parte das ferramentas de trabalho de qualquer profissional devido a sua facilidade e agilidade em auxiliar o trabalho do profissional. Fiquem ligado nas nossas dicas e comecem hoje mesmo a utilizar essas ferramentas que irão ajudar em muita a vida profissional de vocês, seguem elas:

1-PadCAD

O PadCAD é uma excelente ferramenta para arquitetos, engenheiros e designers, ele é feito para projetos e desenhos de pequenos portes, muito utilizados para reformas de apartamentos e salas comerciais. Ele permite fazer desenhos com ótimo layout e é  muito simples de utilizar, não sendo necessária nenhuma experiência previa na plataforma. Uma de suas principais funções é a compatibilidade com a plataforma AutoCAD e também pode ser exportado via PDF , outra função importante do PadCAD e que pode ser utilizada fotos tiradas no local para auxiliar o desenho . Uma excelente ferramenta para o dia a dia pois facilita muito a vida do profissional que pode executar um esboço do projeto no próprio local da obra.

2- RoomScan Pro:

O RoomScan Pro é um aplicativo disponível para Iphone e Ipad ,  é um app que escaneia os cômodos do local e a partir desse scanner gera a planta baixa do cômodo. Ele é muito utilizado pois não necessita nenhum desenho ou previa do profissional, apenas com as imagens onde ele utiliza os sensores do próprio celular pode medir as alturas e larguras das superfícies planas do ambiente. Muito fácil de utilizar basta encostar ele no canto das paredes e deixar que ele faça a leitura do cômodo.  Uma excelente ferramenta que ajuda a vida dos profissionais na hora da visita técnica.

3- Pantone Studio:

 

O Pantone é uma excelente ferramenta para interiores , é um catalogo de cores onde é possível ter acesso as mais variadas cores existentes, é possível através dele possível algumas cores ,criando cores novas e transformando as imagens do telefone em paletas de cores do app. Uma ferramenta muito útil para o cliente visualizar as cores dos ambientes de uma forma fácil e simples.

4- Reforma Simples:

O reforma simples é um APP que faz o cálculo da quantidade e do preço dos materiais utilizados nas obras , além disso ele também faz o cálculo dos encargos e da mão de obra . Possui uma ferramenta de relatório final da obra após o cálculo de todos os itens e pode ser enviado direto para o e-mail do cliente. O App utiliza como base de dados a tabela SINAPI para cada região do brasil. Esse sem dúvida é um dos aplicativos mais uteis do mercado, auxiliando quem não possui experiência em montar orçamentos. Vale a pena explorar o aplicativo.

5- Sun Seeker:

O Sun Seeker é uma ferramenta que permite a você fazer uma previsão de como a luz do sol ira influenciar no edifício ou ambiente ao longo do dia. É um aplicativo muito simples que utiliza o GPS e a câmera do celular para determinar o local do sol a cada hora do dia, auxiliando tanto na hora de fazer o projeto quanto na execução da obra, assim o profissional pode tomar a melhor decisão para cada ambiente. Lembrando que é apenas um auxilio, pois o melhor é fazermos o estudo solar corretamente e o aplicado ser apenas uma ferramenta de demonstração a mais para o cliente ou para estudo.

Já usou algum? Se não baixe agora e divida a experiência com o ArqpontoArt!!!!

A evolução da arquitetura modernista internacional tão rica de expressões escreveu um capítulo consistente na cidade de Santiago do Chile através de obras concebidas entre o fim da década de 1930 e a década de 1970. Esse capítulo revela uma arquitetura modernista resumida por características que expressam economia, sentimento plástico, simbolismo formal e sentido urbanístico.

Os apontamentos da geração internacional, Walter Gropius, Le Corbusier, e Mies Van der Rohe; e as construções de Alvar Aalto, Oscar Niemeyer, Eeero Saarinem e Louis Kahn contribuíram para a arquitetura de uma forma geral, e muito especificamente para as habitações coletivas da cidade nesse período, tornando-a expoente clara da arquitetura moderna internacional. Algumas de suas construções são realizações de uma originalidade muito especial e lançam mão de uma nova concepção urbanística, concebendo o espaço como uma forma de comunicação humana.

Aliás, no que se refere as concepções urbanas a partir de obras arquitetônicas de grande escala, as habitações coletivas, estas são de particular importância pois testemunham a qualidade dos projetos que se traduzem nos espaços criados, em favor de aspirações do homem para a cidade e coordenam diversos elementos.

Dentre seus exemplos mais significativos estão:

Remodelación República, Vicente Bruna e Arquitetos, 1967.

Arquivo Pessoal, 2018.
Arquivo Pessoal, 2018.

Este edifício de habitação coletiva foi projetado em 1967 e pode comparar-se às primeiras construções que promoveram uma renovação urbana no tecido urbano das cidades. Realizado em concreto armado, material construtivo tradicional da arquitetura moderna, a obra foi gerida pelo estado com o objetivo de resolver o problema da densidade demográfica vivido por Santigo, assim como a maioria das cidades na década de 1960. A integração com o entorno é perfeita, dada através da composição de blocos de apartamento residenciais e uma área comercial.

A intenção de simbolismo formal se evidencia em sua composição. Sua implantação se dá em um bairro composto por vários edifícios educacionais, onde dois blocos de apartamentos são locados em um sítio em forma de “L”. A área comercial está semi-enterrada e possui aproximadamente 500m², as dimensões amplas dos blocos de apartamentos (Comprimento 80m x Altura 42m) permitiram 141 plantas de apartamentos totalmente adaptados às necessidades da vida moderna.

As plantas dos apartamentos são um capítulo a parte. A espessura do bloco permitiu apartamentos com varandas e janelas com orientação tanto pra leste quanto para oeste. O programa de necessidades se divide em apartamentos simples e apartamentos de três pavimentos, onde o acesso acontece pelo piso intermediário, tendo toda a parte social no piso superior, e o intimo no piso inferior. Embora a planta do apartamento seja estreita, a divisão em pavimentos permitiu que o apartamento abrigasse três quartos, e mais um quarto de serviço, uma sintese entre tradição e a condição da vida moderna.

A setorização residencial / comercial forma uma área de acesso aos apartamentos que se aproxima muito da tipologia de uma praça, permitindo que a área comercial atenda as construções locais sem tirar a independência dos apartamentos. As áreas verdes estão atualmente muito prejudicadas, pois foram substituídas por estacionamentos, elemento que não foi considerado no projeto inicial. A cobertura tem calha central, e nela sobressaem os dois volumes que cortam o prédio na vertical e abrigam as escadas. As varandas dispostas ao logo das fachadas que sobressaem do corpo do prédio são cobertas por laje de concreto. Apesar das inovações propostas no projeto, a planta do apartamento é totalmente compartimentada, sem integração.

Conjunto Los Carpinteros, Arquitetos Flaño, Núñez, Tuca, 1974

Arquivo Pessoal, 2018.

Este projeto foi realizado pelos arquitetos Flaño, Núñez e Tuca em 1974, durante uma época totalmente diversa da atual, mas a arquitetura continua mais contemporânea do que nunca, resultado de uma concepção arquitetônica modernista de habitação coletiva, funcional como se propunha a ser, mas preocupada com o espaço urbano e com a escala da cidade e do bairro. A implantação escalonada pretende ajustar os blocos extremamente ortogonais dispostos um ao lado do outro, adaptando-os aos limites inclinados do terreno, buscando criar um grande espaço de pátio interno para uso público.

Hoje fechado por cercas e portões se assemelha a um condomínio, mas não era essa a ideia inicial do projeto, que pretendia manter uma relação direta com a vizinhança. Sua seção é um triangulo cujos dois lados diagonais estão formados pelas casas escalonadas, orientadas para a rua. A ortogonalidade dos blocos é ressaltada pela cobertura embutida totalmente por platibanda. As casas possuem balcões que recebem luz do exterior, e paredes de tijolos aparentes. O escalonamento dos blocos também favorece a implantação entre os distintos níveis das ruas.

A circulação segue a ortogonalidade da planta dos imóveis, incorporando-se à construção que está em excelente estado de conservação. A ideia de integrar a rua com o edifício é uma inovação notável para a época, e apesar da pouca altura, consegue uma densidade relativamente alta graças ao tipo de implantação escolhida. As casas favorecem o estreito contato com a vida em comunidade. Considerando a divisão interna, cada bloco possui duas casas, uma por andar, com acessos individuais, uma pelo nível do térreo e outro por escadas.

Unidad Vecinal Portales – Bresciani, Valdés, Castillo e Huidobro, 1954

Arquivo Pessoal, 2018.
Arquivo Pessoal, 2018.

O conjunto de apartamentos foi construído entre 1954 e 1968. Os apartamentos foram construídos em um grande terreno que faz limite com a Universidade do Chile, o que permitiu a construção de grandes blocos que se comunicam através de circulações no nível do térreo e a partir de passarelas nos andares superiores. Esse projeto foi referencial em Santiago, ao introduzir uma mudança na legislação local, que não permitia a construção de habitação social com mais  de três pavimentos.

Apesar da grande escala dos edifícios, que podem ser tranquilamente considerados uma cidade em si mesmas, eles ocupam apenas 20 por cento do terreno.  Os demais oitenta por cento de áreas verdes eram consideradas um bem público. Os edifícios de quatro andares possuíam acesso controlado dos automóveis, que acabaram por ocupar algumas áreas verdes, que foram transformadas em estacionamento.

Ao todo são dezenove edifícios, sendo mil seiscentos e trinta e oito apartamentos distribuídos em doze tipologias, e 302 casas distribuídas em 24 tipologias. O entorno próximo é servido de mercados, parquinhos, e outros serviços. O concreto armado é usado com maestria. Hoje o edifício se encontra totalmente degradado, o entorno antes cercado de vegetação foi bastante devastado. O complexo projetado para favorecer a vida em comunidade, os grandes espaços públicos foi marginalizado.

Considerando que a arquitetura moderna foi o cenário das utopias sociais dos primeiros 30 anos do século XX, a reorganização das classes sociais, crescimento das cidades, preocupação com questões sanitárias, transporte dos trabalhadores, mudança do cliente pessoal para o cliente coletivo, a transformação das relações sociais e do ambiente vivido, em busca de uma vida melhor, seus objetivos nem sempre foram atendidos. Intelectuais, arquitetos e urbanistas uniram-se em torno do desejo de implementar tais transformações, mas nem sempre a dinâmica da cidade correspondeu.

 

Referências

ARANTES, Otilia B. F. ARANTES Paulo. Sentido da Formação. São Paulo, Paz e Terra, 1997. BONDUKI, Nabil. Origens da Habitação Social no Brasil. São Paulo, Estação Liberdade/FAPESP,1998.

BRITO, Mário da Silva. História do Modernismo Brasileiro. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1978.

Karina Duque. “Clásicos de Arquitectura: Unidad Vecinal Portales / BVCH” 19 abr 2011. Plataforma Arquitectura. Accedido el 26 Oct 2018. <https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/02-84819/clasicos-de-arquitectura-unidad-vecinal-portales-b-v-c-h> ISSN 0719-8914

Karina Duque. “Clásicos de Arquitectura: Conjunto Habitacional Remodelación República / Vicente Bruna, Germán Wijnant, Victor Calvo, Jaime Perelman y Orlando Sepúlveda” 14 feb 2014. Plataforma Arquitectura. Accedido el 26 Oct 2018. <https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/02-335752/clasicos-de-arquitectura-conjunto-habitacional-remodelacion-republica-vicente-bruna-german-wijnant-victor-calvo-jaime-perelman-y-orlando-sepulveda> ISSN 0719-8914

 

Suzete Bessa é Arquiteta e Urbanista graduada pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Estadual de Goiás (2009), Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Brasília – UNB (2016) com Bolsa CNPq. Hoje é Professora na Universidade Federal de Goiás – UFG, Regional Goiás. Destaca-se o interesse por teoria e projeto, investigando: arquitetura moderna, Goiânia, patrimônio, patrimônio imaterial, arquitetura contemporânea e o morar brasileiro.

 

 

Com a bela e sensível tarefa de dar forma às funções sagradas, os templos religiosos no decorrer da história optaram na maioria das vezes por representações figurativas da relação homem / divino através das artes. A representatividade da arquitetura religiosa, desde seu interior até sua fachada, por muitas vezes optou por revelar a contradição da grandiosidade do divino frente as limitações do humano . O belo como forma de conhecimento de Deus.

Dentro do contexto das comunidades religiosas que patrocinavam as construções das igrejas, a arquitetura dos templos também foi utilizada para representar características como cultura, relações sociais – a igreja dos brancos e dos negros, nível econômico – através de suas dimensões e riqueza dos ornamentos, entre outras.

Segundo Frade (2007), antes mesmo da existência dos templos, elementos naturais eram os responsáveis por abrigar as funções sacras. Das montanhas às árvores, esses eram os abrigos para o lugar do culto e da oração. Com a construção de um edifício que abrigasse essa função, tanto arquitetura, quanto a arte através da escultura e da pintura tornaram-se ferramentas para alcançar aquilo que era transcendente, a vontade humana de alcançar a espiritualidade.

Não há um modelo único de templo para cada religião, mas existem argumentos arquitetônicos que são recorrentes, a luz, a escala, as cores. A arquitetura sacra desenvolveu programas complexos desde a época de Palladio, aprimorou materiais e técnicas construtivas, empregou diferentes geometrias: abóbadas, frontões, arcos, cúpulas… A mudança das práticas religiosas frente à sociedade moderna também modificou a arquitetura das igrejas. As tradições religiosas dos grandes templos suntuosos e figurativos deram espaço às capelas contemporâneas que buscam a espiritualidade de forma mais integra.

Diante disso esse site me convidou a escrever sobre 10 igrejas à minha escolha, que fossem singulares na forma de interpretar a arquitetura religiosa, levando em conta critérios estéticos, mudanças arquitetônicas importantes, uso da luz, interpretação da espiritualidade na arquitetura entre outras coisas. Uma lista desafiadora diante de um tema arquitetônico que se desenvolve desde que o homem passou a construir.

Seria impossível escolher uma lista com 10 igrejas olhando para toda a história da arquitetura sacra sem cometer o “pecado” (Rs) de deixar vários exemplares muito importantes para trás. Por isso essa matéria pretende apresentar 10 igrejas que não se classificam como melhores, ou especiais de alguma forma, mas 10 igrejas que merecem ser conhecidas por sua beleza singular. Aproveite!

Igreja nº 1 Capella Granata_Arquiteto Mario Botta_Austria

A Capella de escala surpreendentemente simples, e com materiais que se destacam no entorno atingiu uma monumentalidade que não pode ser medida pela suntuosidade. O espaço sagrado é indescritível em sua simplicidade, força e beleza. Concluida em 2013, tem sua estrutura em madeira, revestidas com aço nas faces externas. A apropriação da luz através das aberturas em cruz e circular remetem inevitavelmente a Igreja da Luz de Tadao Ando, e é dela que falaremos agora.

Igreja nº 2 Igreja da Luz_Arquiteto Tadao Ando_Japão

Nesta igreja de 1989, Tadao Ando representa a espiritualidade através da luz, elemento fundamental nos projetos do Japonês. O contraponto entre os espaços fechados e as aberturas só ressalta a importância desse elemento dentro do contexto do sagrado e da temática espiritual. A luz é responsável por toda a percepção que o usuário tem do espaço austero em concreto.

Igreja nº 3 Igreja Sainte-Chapelle_Paris

Se você esperava a Catedral de Notre-Dame vai ficar decepcionado. Nossa representante em se tratando de Catedrais Góticas é a Sainte-Chapelle, que data do século XIII. Não existe nenhuma menção direta ao arquiteto, mas o nome de Pierre de Montreuil é associado ao projeto. A igreja foi construída anexa a um palácio e possui duas capelas sobrepostas, uma dedicada aos funcionários do palácio, e a superior à família real. A escala monumental evoca um sentimento de admiração e piedade. A luz através dos vitrais coloridos e emoldurados em pedra ampliam a sensação de monumentalidade.

Igreja nº 4 Capela Privada_Escritório MPGAA_Brasil

A Capela de Arquitetura Contemporânea (2016) na Serra Fluminense te cativa pela simplicidade. Para os olhares desavisados o aço cortein quase passa por madeira na paisagem da fazenda onde foi construída a primeira capela desenvolvida pelo escritório do Arquiteto Miguel Pinto Guimarães. A incorporação da natureza é a maneira através da qual os arquitetos enfrentam a espiritualidade. Os elementos da natureza proporcionam uma sensação de tranquilidade, a utilização da água é responsável pela calma e simplicidade, favorecendo os momentos de reflexão. De certa forma, a água é o elemento essencial do programa da construção em vidro.

Igreja nº 5 Capela Suzhou_Escritório Neri&Hu_China

Um cubo recortado por aberturas diversas, revestido por um elemento que lembra um véu metálico branco. Internamente, a arquitetura se apresenta surpreendentemente diferente. A riqueza dos materiais e detalhes construtivos interferem no modo como o espaço sagrado é percebido e utilizado. Paredes delimitam o percurso e compõe o entorno até a edificação nesse projeto de 2016

Igreja nº 6 Capela Notre-Dame du Haut_Arquiteto Le Corbusier_França

As quatro fachadas da igreja situada na cidade de Ronchamp são representações dos pontos cardeais. A cobertura alta de beirais curvos em concreto armado avança além das paredes em um movimento muito harmonioso. A relação interior e exterior é mantida por meio de aberturas de formas e tamanhos diversos que promovem a iluminação natural do espaço interno. Uma linha de abertura entre o telhado e as paredes favorece a sensação de leveza ao concreto dessa igreja de 1955.

Igreja nº 7 Igreja de São Francisco de Assis_Arquiteto Oscar Niemeyer_Brasil

A igreja da Lagoa da Pampulha em Belo Horizonte está entre as obras mais reconhecidas do arquiteto e data de 1943. O pequeno edifício exibe estrutura simples, uma releitura da abóbada, e é completada por painéis de Candido Portinari. O altar mor da igreja e os painéis internos também são do artista. Os painéis fazem releituras dos símbolos e comunicam valores e a mensagem dos Evangelhos. As cores utilizadas nos painéis são contrastantes: tonalidades fortes e suaves. A plasticidade das linhas curvas em concreto armado tornou a igreja uma verdadeira pérola no conjunto da Lagoa da Pampulha

Igreja nº 8 Igreja Senhora da Conceição dos Militares_Antônio Fernandes de Matos_ Brasil

A igreja Rococó com data estimada de 1771 apresenta o uso exagerado de ornamentos em seu interior, o que contrasta com a fachada. Nos detalhes arquitetônicos, as cores, mosaicos e pinturas dão à igreja um carater suntuoso. As cores quentes, em especial o dourado, estão presentes.

Igreja nº 9 Basílica de São Pedro_Roma

Viva a Bramante, Michelângelo, Rafael e Bernini! Se o assunto é igreja renascentista não tem pra ninguem! (Rs). A construção requintada, apresenta detalhes e adornos dignos daquela que é considerada a igreja mais importante do catolicismo. Sua cúpula é um elemento de destaque na paisagem de Roma. O edifício começou a ser construído no início dos anos 1500 e só foi terminada em meados dos anos 1600.

Igreja nº 10 Catedral de São Patricio_James Renwick_Nova York

O estilo e layout da arquitetura da igreja é moldado pelas tradições e pelo lugar onde foi construída.  Em estilo neogótico, foi finalizada em 1878 pelo arquiteto James Renwick. A igreja possui em sua fachada duas torres simétricas, e planta em cruz latina, com vitrais que deixam a ornamentação da igreja mais colorida.

Encerramos esse apanhado de exemplares religiosos lembrando da importância de salientar que: qualquer lista que tenha a pretensão de eleger um número específico de itens baseada em questões estéticas ou interesse pessoal já falhou. Entretanto se essa mesma lista servir de inspiração para que o a arquitetura sacra, em qualquer momento da história seja conhecida e reconhecida, já estamos satisfeitos!

 

Referências

ALBERTI, Leon Batista. Da pintura. Tradução de Antonio silveira Mendonça. Campinas: Editora Unicamp, 1999.

Bermudez, Julio. “Transcending Architecture: Contemporary Views on Sacred Space.” The Catholic University of America Press (2015).

BESEN, José Artulino. História da Igreja. Mundo e Missão. 2007

Crompton, Andrew. “The Architecture of Multifaith Spaces: God Leaves the Building.” The Journal of Architecture, Volume 18 Issue 4 (2013).

FRADE, Gabriel. Arquitetura Sagrada no Brasil. Loyola. 2007

Kahn, Louis. and Vassella, Alessandro. (2013). Silence and light. Zurich: Park Books (2013)

McCarter, Robert. (2005). Louis I. Khan. London: Phaidon (2009)

 

Suzete Bessa é Arquiteta e Urbanista graduada pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Estadual de Goiás (2009), Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Brasília – UNB (2016) com Bolsa CNPq. Hoje é Professora na Universidade Federal de Goiás – UFG, Regional Goiás. Destaca-se o interesse por teoria e projeto, investigando: arquitetura moderna, Goiânia, patrimônio, patrimônio imaterial, arquitetura contemporânea e o morar brasileiro.

Entende-se como Educação Patrimonial o conjunto de ações que têm como foco o conhecimento do Patrimônio Cultural e visa o entendimento histórico-cultural e todas suas manifestações, gerando a conscientização para sua preservação e conservação.  Sempre que um grupo se reúne para trabalhar, pesquisar, conhecer alguma realidade este esta realizando uma ação educacional e caso trate-se do patrimônio, estarão realizando uma educação patrimonial.

Segundo Sônia Rampim Florêncio, há que se ter uma noção que se aproxime do entendimento de educação como construção coletiva: “Claro que a visão técnica e o tombamento são importantes, mas a visão do jovem ou do idoso sobre um centro histórico, carregada de afetividade e referências culturais vitais que mediam o processo de formação dos sujeitos, carrega muitos sentidos e precisa ser levada em conta. Para entender patrimônio cultural, não adianta uma educação bancária”. Nesse sentido percebemos a importância da participação como individuo e comunidade para a geração e continuação do patrimônio cultural e a educação patrimonial entra exatamente nesse contexto, é muito importante que a comunidade tenha uma visão crítica e consciente do patrimônio para além de preservar e conservar se fortalecer como identidade e cidadania.

O Brasil é um país pluricultural, isso porque a sua formação se deu a partir de diversas etnias, e essa pluralidade constrói a identidade da cultura Brasileira, todas as ações através das quais os povos expressam suas formas específicas de ser constituem a sua CULTURA e esta vai ao longo do tempo adquirindo formas e expressões diferentes. A cultura é um processo contínuo e dinâmico, transmitido de geração em geração, que se aprende com os ancestrais e se cria e recria no cotidiano do presente, na solução dos pequenos e grandes problemas que cada sociedade ou indivíduo enfrentam.

O Patrimônio Cultural Brasileiro não se resume aos objetos históricos e artísticos, aos monumentos representativos da memória nacional ou aos centros históricos já consagrados e protegidos pelas Instituições e Agentes Governamentais. Existem outras formas de expressão cultural que constituem o patrimônio vivo da sociedade brasileira: artesanatos, maneiras de pescar, caçar, plantar, cultivar e colher, de utilizar plantas como alimentos e remédios, de construir moradias, a culinária, as danças e músicas, os modos de vestir e falar, os rituais e festas religiosas e populares, as relações sociais e familiares, revelam os múltiplos aspectos que pode assumir a cultura viva e presente de uma comunidade. (IPHAN, 2018)

Para a Educação Patrimonial a metodologia específica pode ser aplicada a qualquer tipo de manifestação cultural, material ou imaterial, seja um objeto ou conjunto de bens, um monumento ou um sítio histórico ou arqueológico, uma paisagem natural, um parque ou uma área de proteção ambiental, um centro histórico urbano ou uma comunidade da área rural, uma manifestação popular de caráter folclórico ou ritual, um processo de produção industrial ou artesanal, tecnologias e saberes populares, e qualquer outra expressão resultante da relação entre os indivíduos e seu meio ambiente.

O IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Cultural) responsável pela proteção e promoção dos bens culturais do país, busca implementar através das suas ações institucionais a educação patrimonial. Cada uma de suas instituições representativas nas diversas partes do país é responsável por fazer o diálogo com a comunidade através de políticas de educação, reconhecimento e proteção do patrimônio. As principais diretrizes que devem nortear as ações de Educação Patrimonial decorrem de um longo processo de debates institucionais, aprofundamentos teóricos e avaliações das práticas educativas voltadas à preservação do patrimônio cultural.  O processo educativo, em qualquer área de ensino/aprendizagem tem como objetivo levar os alunos a utilizarem suas capacidades intelectuais para a aquisição de conceitos e habilidades, assim como para o uso desses conceitos e habilidades na prática, em sua vida diária e no próprio processo educacional. A Educação Patrimonial consiste em provocar situações de aprendizado sobre o processo cultural e seus produtos e manifestações, que despertem nos alunos o interesse em resolver questões significativas para sua própria vida, pessoais e coletivas.

Logo IPHAN

O patrimônio cultural faz parte do nosso cotidiano, nós enquanto indivíduos estão construindo e usufruindo constantemente desse patrimônio, portanto não se pode deixar que ele acabe, pois ele conta e remonta a nossa própria história. Não existe futuro sem passado e a educação patrimonial além de ações propostas deve estar no coração dos indivíduos para que o patrimônio receba o devido valor. Infelizmente muitas pessoas desconhecem a importância de preservar, conservar as raízes e cabe às disciplinas especialistas como história, arqueologia, museologia, paleontologia, arquitetura e afins difundir a um grupo essa importância, que devia se iniciar na escola primária. Contudo a educação patrimonial surge no contexto de despertar no indivíduo e comunidade a importância do patrimônio e bem como a de sua preservação, faz com que estes se reconheçam como autores dessa história e busquem suas identidades culturais e possibilitem às futuras gerações o direito a esse mesmo patrimônio. A Educação patrimonial é um instrumento para a “alfabetização cultural” da comunidade.

Por Izaura Morais
Arquiteta e Urbanista
Professora de Teoria da Arquitetura e Urbanismo e  Técnicas Retrospectivas
@izaurinha

 

Iphan. Guia Básico da Educação Patrimonial. Disponível: portal.iphan.gov.br/uploads/temp/guia_educacao_patrimonial.pdf.pdf . Acesso: 06/09/2018

Internet: portal.aprendiz.uol.com.br . Acesso: 06/09/2018